Autor: BETO AZEVEDO PINHEIRO
Bom Deus quero desabafar contigo, hei de falar e hás de compreender.
Como sabes tenho por profissão a carpintaria, a mesma que Teu filho exerceu quando esteve aqui na terra.Profissão essa, que exerço desde menino e com a qual até hoje sustento a minha família.
Tudo aconteceu numa tarde de quinta-feira, veio até a minha carpintaria um emissário de Roma, trazia consigo uma ordem dos mais altos oficiais do império, nesse papiro estava escrito assim: deves fazer uma cruz tão resistente que ela não se parta durante o percurso que o acusado faça nem tampouco durante o tempo que ele fique dependurado na mesma.
Não questionei a ordem, nem perguntei quem seria dependurado naquele madeiro, simplesmente a cumpri.
Na mesma tarde, separei as ferramentas que seriam usadas nesse projeto, e pus-me a trabalhar.Mas algo fora do normal aconteceu e nunca tinha sentido isso.
As ferramentas pareciam ter controle sobre si mesmas:
O martelo que inúmeras vezes bateu pregos sem estragar um móvel sequer parecia descontrolado, desferindo golpes sem precisão.
O esquadro insistia em não cumprir as linhas retas que tracei para aquele projeto.
O serrote fez com que eu empregasse mais força que o necessário, e por mais incrível que possa parecer eu sempre o mantinha bem afiado.
A lixa deixou de lado toda a sua aspereza, era como se a sua superfície estivesse revestida com veludo.
Os pregos entortavam todas as vezes que entrava em contato com a madeira, recusavam-se a participar daquele projeto.
Mas enfim, com muito esforço e trabalho consegui concluir o projeto.
Essa cruz ficou muito mais pesada do que as que costumava fazer, tanto que, quando vieram buscá-la , trouxeram mais pessoas do das outras vezes.Depois que a levaram fiquei a pensar: triste sina daquele que levar essa cruz, será que seus ombros vão agüentar?
Fiquei exausto naquele dia, deitei-me muito cedo, mas não consegui dormir pensando naquela cruz.E ao raiar do dia vieram me avisar:
Aquela cruz que fizeste, nela crucificaram o REI DOS JUDEUS.
Aquela notícia deixou-me muito arrasado, parecia que aquela cruz dobrou de peso e agora todo ele recaía sobre mim.
Depois de muito chorar e me arrepender do que fiz (pois eu participei da morte de um justo) tomei a seguinte decisão: nunca mais construirei cruzes.
De hoje em diante construirei bancos para que teus servos se sentem confortavelmente na TUA casa.
Construirei telhados para que teus servos sintam-se abrigados das intempéries do tempo.
Construirei púlpitos para que teus pastores preguem a tua mensagem de salvação.
Vês Deus? Estou arrependido e quero TE fazer um pedido muito especial.
PERDOA Ó PAI ESTE HUMILDE CARPINTEIRO, POIS FOI ELE QUEM FEZ A CRUZ ONDE TEU FILHO JESUS CRISTO FOI CRUCIFICADO.