quarta-feira, 27 de abril de 2011

O Carpiteiro

Autor: BETO AZEVEDO PINHEIRO

Bom Deus quero desabafar contigo, hei de falar e hás de compreender.

Como sabes tenho por profissão a carpintaria, a mesma que Teu filho exerceu quando esteve aqui na terra.Profissão essa, que exerço desde menino e com a qual até hoje sustento a minha família.

Tudo aconteceu numa tarde de quinta-feira, veio até a minha carpintaria um emissário de Roma, trazia consigo uma ordem dos mais altos oficiais do império, nesse papiro estava escrito assim: deves fazer uma cruz tão resistente que ela não se parta durante o percurso que o acusado faça nem tampouco durante o tempo que ele fique dependurado na mesma.

Não questionei a ordem, nem perguntei quem seria dependurado naquele madeiro, simplesmente a cumpri.

Na mesma tarde, separei as ferramentas que seriam usadas nesse projeto, e pus-me a trabalhar.Mas algo fora do normal aconteceu e nunca tinha sentido isso.

As ferramentas pareciam ter controle sobre si mesmas: 

O martelo que inúmeras vezes bateu pregos sem estragar um móvel sequer parecia descontrolado, desferindo golpes sem precisão.

O esquadro insistia em não cumprir as linhas retas que tracei para aquele projeto.

O serrote fez com que eu empregasse mais força que o necessário, e por mais incrível que possa parecer eu sempre o mantinha bem afiado.

A lixa deixou de lado toda a sua aspereza, era como se a sua superfície estivesse revestida com veludo.

Os pregos entortavam todas as vezes que entrava em contato com a madeira, recusavam-se a participar daquele projeto.

Mas enfim, com muito esforço e trabalho consegui concluir o projeto.

Essa cruz ficou muito mais pesada do que as que costumava fazer, tanto que, quando vieram buscá-la , trouxeram mais pessoas do das outras vezes.Depois que a levaram fiquei a pensar: triste sina daquele que levar essa cruz, será que seus ombros vão agüentar? 

Fiquei exausto naquele dia, deitei-me muito cedo, mas não consegui dormir pensando naquela cruz.E ao raiar do dia vieram me avisar: 

Aquela cruz que fizeste, nela crucificaram o REI DOS JUDEUS.

Aquela notícia deixou-me muito arrasado, parecia que aquela cruz dobrou de peso e agora todo ele recaía sobre mim.

Depois de muito chorar e me arrepender do que fiz (pois eu participei da morte de um justo) tomei a seguinte decisão: nunca mais construirei cruzes.

De hoje em diante construirei bancos para que teus servos se sentem confortavelmente na TUA casa.

Construirei telhados para que teus servos sintam-se abrigados das intempéries do tempo.

Construirei púlpitos para que teus pastores preguem a tua mensagem de salvação.

Vês Deus? Estou arrependido e quero TE fazer um pedido muito especial.

PERDOA Ó PAI ESTE HUMILDE CARPINTEIRO, POIS FOI ELE QUEM FEZ A CRUZ ONDE TEU FILHO JESUS CRISTO FOI CRUCIFICADO.
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