BRASÍLIA - Documentos em poder do executivo suíço Rudolf Elmer  mostram que a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), e o marido  dela, Jorge Murad, fizeram operações secretas no banco Julius Baer, nas  Ilhas do Canal e Ilhas Virgens, dois dos mais conhecidos paraísos  fiscais. Na última segunda-feira, Elmer entregou parte dos papéis, uma  lista com nomes de dois mil empresários e políticos acusados de  movimentação de dinheiro de origem suspeita, ao fundador do site  WikiLeaks, Julian Assange. Para Elmer, essa seria uma forma de combater a  sonegação, a corrupção e a lavagem de dinheiro em âmbito internacional.  Ele foi preso na última quarta-feira sob acusação de quebra de sigilo  bancário. 
Na relação, obtida pelo GLOBO antes de o material ser encaminhado  ao WikiLeaks, constam ainda os nomes de outros brasileiros e de  empresários e políticos de outros países. Numa entrevista em Londres,  logo depois de receber a lista de Elmer, Assange disse que iria repassar  o material para o "Financial Times" e para a "Bloomberg". 
Roseana e Murad: emissários de depósito de US$ 10 mil 
Os nomes de Roseana e Jorge Murad aparecem associados à Coronado  Trust-JBTC,  que seria administrada pelo também brasileiro Joseph  Brafman. Na lista de Rudolf, Roseana e Murad aparecem como emissários de  um depósito de US$ 10 mil. 
A transação foi feita numa operação triangular com a Totar  Business Corporation, empresa aberta nas Ilhas Virgens para gerenciar a  Coronado Trust e, com isso, dificultar ainda mais a identificação dos  verdadeiros donos do negócio. 
O repasse foi registrado em 27 de setembro de 1993. Roseana e  Murad fundaram a Coronado Trust em 1993 e a mantiveram aberta até 1999.  Trust é uma espécie de contrato que dá ao titular poderes para fazer  movimentações financeiras e patrimoniais em  nome de terceiros. 
Entre os brasileiros da lista de Elmer estão ainda Luiz Fernando  da Cruz Secco e Sônia Silva da Cruz Secco, destinatários de US$ 900 mil.  Os dois são do Rio de Janeiro. Aparece também o nome da Fabus  Foundation, cujo contato é José Diniz de Souza, também beneficiário de  US$ 900 mil. Pelos documentos, a Foundation tem sede em Campinas. Na  lista constam ainda nomes de americanos, ingleses, alemães, espanhóis,  árabes, chineses, canadenses, argentinos, gregos, irlandeses, libaneses,  mexicanos, malteses, peruanos e suíços, entre outros. 
Rudolf Elmer tem dito que decidiu vazar os documentos para coibir  a sonegação, a lavagem e a corrupção que, para ele, seriam acobertadas  em parte por regras do sistema financeiro que opera em paraísos fiscais.  Ele trabalhou na sede do banco, na Suíça, e depois chefiou as operações  da instituição nas Ilhas Cayman. Num determinado momento, entrou em  choque com a empresa e decidiu vazar um dos segredos mais cobiçados: a  movimentação de dinheiro de quem tenta pagar menos impostos, esconder  patrimônio ou simplesmente escapar de investigações fiscais ou  criminais. 
Trust teria sido mantida sem movimentação
Procurados  pelo GLOBO, Roseana e Jorge Murad confirmaram a existência da Coronado  Trust. Segundo o advogado da governadora, Antônio Carlos de Almeida  Castro, o Kakay, Murad decidiu abrir a Trust no início da década de 90  para proteger o patrimônio. Naquele período, ele teve uma filha numa  relação fora do casamento. O advogado disse, no entanto, que a Trust não  recebeu ou repassou dinheiro a partir do Julius Baer. Ela teria sido  mantida por seis anos sem qualquer movimentação. 
- O depósito (que aparece no arquivo de Elmer) foi apenas para custear as despesas da própria Trust - disse Kakay. 
Em dezembro do ano passado, Kakay se reuniu com dirigentes do  banco Julius Baer na Suíça e obteve uma declaração de que a Coronado não  recebeu recursos da Totar. O GLOBO tentou, sem sucesso, localizar  Joseph Brafman. O advogado enviou nesta quarta-feira uma mensagem aos  defensores de Assange alertando para o risco de divulgação de  informações equivocadas sobre Roseana Sarney.  
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